sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Rosa não é a minha cor

[Rosa não é a minha cor, Autorretrato, 2021]

Rosa não é a minha cor, mas, recentemente, fui diagnosticada com câncer de mama. Eu tenho 29 anos e na minha idade a incidência é bem pequena, porém, no meu caso, há um histórico familiar complicado nesse sentido. Minha avó paterna teve nos dois seios e um, inclusive, sofreu mastectomia (retirada do seio), me recordo dela com muito carinho lidando com isso de uma forma totalmente natural, colocando um ‘travesseirinho’ para preencher o sutiã. Minha avó materna teve também e enfrentou com a mesma força. Há dois anos e meio, foi a vez da minha mãe. Dentre todos, esse foi mais complicado, ela precisou de quimioterapia e nós da família tivemos que fazer uma verdadeira ‘dança das cadeiras’ para fornecer os cuidados necessários a ela com uma família cada vez mais diminuta.

Por conta desse histórico e tendo conhecimento de que o gene responsável pela propensão ao câncer é hereditário, eu já vinha me preparando para isso há algum tempo, convicta de que a probabilidade de que eu também teria era imensa. Um pouco antes do que eu imaginava, confesso, mas aconteceu. Num primeiro momento, eu quis me esconder em um buraco e sumir, só sair da sombra quando tudo isso passasse. 

Pensei melhor e resolvi que não, que era melhor me pronunciar sobre isso, na intenção de alertar a todos do meu convívio. Escrevo, portanto, como um apelo, pra que vocês também estejam atentos e cautelosos quanto a essa possibilidade. Pelas pesquisas que eu fiz no passado, começaria a me preocupar com mamografias somente após os 30 anos. Ok, estou perto deles, mas duvido que fizesse exames de imediato após completá-los. Em dezembro de 2020, surgiu um nódulo no meu seio e fui investigar o que era. Fiz ecografia mamária no início do ano e ‘não era nada’, melhor. Os médicos recomendaram que fizesse um exame de controle após 6 meses.

Desta vez, encontraram algo suspeito e sugeriram a realização da biópsia. Recebi o resultado e a mastologista confirmou o que eu não gostaria, é um tumor maligno e vou ter que fazer todos procedimentos necessários (exames, cirurgia, tratamento, ...) mas, pasmem, o culpado não é o meu caroço de estimação! O tumor, por uma coincidência, está ao lado, no entanto, se não fosse o meu amigo bolinha, eu nem teria feito exame nenhum e talvez quando fosse fazê-lo, em um ou dois anos, o câncer já estaria muito mais desenvolvido e agressivo. Como o diagnóstico foi precoce não pode ser tão ruim... Peço que não se preocupem, estou bem e assim vou permanecer 😊 Trabalhando muito e seguindo minha vida normalmente! Em breve, finda o Outubro Rosa, mas essa minha batalha está apenas no início, convenhamos, somente mais uma de tantas que já enfrentei. Fiquem bem, cuidem-se e atentem-se aos avisos do seu corpo. Para minha sorte, o meu avisou. Um grande beijo! 😘

Viviane Lauck